A tristeza vinha como um príncipe num cavalo negro. Honrava sua dor com espada em punho. O príncipe por um momento longo olhou o fundo de seus olhos e lhe jurava amor eterno. Prometia ficar pra sempre em seu coração. Faria parte de seu dia a dia. Casaram-se. Ela se apaixonou pela tristeza assim como a vítima ama seu carrasco. Com perdão nos olhos e uma dose de ressentimento. Todos os dias se lembrava de seu príncipe e de seu cavalo negro. Talvez fosse masoquismo, ou apenas covardia mesmo. Gostava de seu sentimento. Fazia tudo parecer melancólico. Desde pequena gostava de tudo o que era melancólico. O que todos achavam um simples dia feio e nublado, ela enxergava beleza e reflexão. Quisera sim, essa vida para si, pois era a única maneira de manter contato com seu interior mais profundo. Com a podridão dos desamparados batendo em seu peito. Com a chuva fazendo transparecer sua alma.
(Escrito em 10 de agosto de 2012)
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