sábado, 14 de dezembro de 2013

Jardim do Éden



Era uma casa grande.
Uma casa salmão, com algumas pilastras.
Pilastras brancas.
Lá moravam Éden, seu irmão Mick, e seus pais Eduardo e Larissa.
Todos os dias, a mãe Larissa regava suas rosas no quintal.
No grande quintal.
Mais parecia uma floresta.
Com rosas, orquídeas, margaridas e borboletas.
As crianças adoravam brincar no jardim.
Faziam dele como se fosse um pântano,
Com um grande castelo como objetivo.
Mick era do estilo bruxo.
Gostava de grandes guerras, não gostava de cavalos, mas sim de dragões.
Éden já era mais o estilo príncipe.
Gostava de cavalos brancos, flores e princesas.
E tudo ocorreu naquela manhã de quinta feira.
Eles brincavam com a vizinha Natália.
Era uma garota ruiva.
Ruiva e sardenta.
Princesa. Bela princesa.
Mick amarrou-a numa das árvores do jardim.
Para brincarem de resgate.
Resgate à princesa.
E quem era o príncipe?
O Éden, claro.
Depois de lutas e mais lutas com o bruxo,
Éden, o príncipe, ganhou a confiança e o coração da princesa.
Literalmente.
Ele para agradar-lhe-á, pegou uma das rosas do jardim.
Colocou a rosa sobre seu vestido.
E saiu feliz.
Não pensando que aquilo fosse um gravíssimo pecado.
A rosa preferida da mãe.
Larissa sai de sua casa furiosa, perguntando quem foi.
“Foi ele, mamãe!”, diz Mick, o bruxo.
“Ah, mas você merecia umas palmadas...”, diz a mãe Larissa, apontando sua rosa quase morta, no colo da menina.
Éden chora pelo grito da mãe.
Se não fosse a rosa do jardim do Éden, esse grande e gravíssimo pecado jamais teria acontecido.
E Deus abriu seus olhos.
E ele nunca mais voltou ao jardim.


(Escrito em 13 de abril de 2008)

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