O silêncio era tudo o que restava. Nada mais o interessava. Televisão, rádio, jornais, livros e internet: largou tudo. Não estava mais procurando seus Deus nos canais de TV. Utilizava o silêncio como apoio para a profundeza espiritual e humana. Talvez tivesse entendido o sentido de tudo aquilo. Nós não somos ilhas, mas morremos como elefantes. Não conversava com ninguém sobre sua angústia e dor. Nem sua esposa e melhor amiga sabia o que estava pensando. Aquilo o consumia de uma tal maneira, que retirava todas as palavras pronunciáveis. A cada dia seu olhar era mais triste e seu ombro mais caído. Não sorria com frequência, somente quando sua filha - o motivo de muitos de seus nervosismos - vinha com o rosto sonolento lhe dar bom dia. Ele fazia o possível, mas era difícil expressar o sentimento. Seu olhar triste era o que deixava de legado às cores vivas de uma natureza que ele ainda enxergava.
Não deveria ser assim. Se realmente ficasse sem um de seus cinco sentidos, poderia ao menos deixar de uma forma alegre.
(Escrito em 04 de julho de 2012)
(Escrevi este conto chorando, e sempre me emociono ao lê-lo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário